Toda metafísica será castigada!

Começar uma discussão pelo princípio é sempre uma escolha aprovada pela razão, parece haver um certo instinto, um imperativo, que nos impulsiona a buscar, vasculhar tudo que sentimos, percebemos e construimos no mundo em busca de um "sentido". Não se trata aqui somente de entender sentido como uma explicação existencial do mundo em que vivemos, mas verdadeiramente de necessidade de racionalização, uma razão inicial um princípio ou coisa que explique e talvez mesmo guie a ação humana. Todas as teoria desde os antigos metafísicos oficiais como Platão e Hegel, até metafísicos que não assumem seu carater metafísico e universalista como Nietzsche, Foucault e todas as três gerações de frankfurt até A. Honneth, não se engane todos estes homens, quer queiram ou não admitir, seja por um método ou outro, buscam esta "coisa" que talvez explique o agir humano.



Não há necessidade de apontar a ligação de autores como kant, Hegel e Platão com idéias e investigações elencadas sob a égide metafísica. Todavia, outros autores são comumente regeitados, ou postos fora deste quadro de desenhos, digamos assim, fora de moda.



Nietzsche um dos maióres críticos do posicionamento metáfisico platônico-kantiano, se coloca como um investigador da moralidade acima, ou melhor "não colaborador" do projeto da "coisa em si". Mas, até que ponto se pode fazer uma crítica a toda metafísica quando se estabelece em contra partida outro elemento fundamental para a ação humana como a "vontade de poder"?



Aqui antecedo à crítica, sim de fato pode-se argumentar que Nietzsche não faz como Platão e Hegel elegendo algo que imaterial (extra-homem) que seja coisa, e causa explicativa, "coisa em si" . Nietzsche traspõe para o homem, para a terra, "como aristóteles"(1) o princípio que guia de uma forma ou outra a ação humana, é para ele a vontade, ou vontades de poder.






"a vontade de poder é o fato último, para o qual somos tragados". KSA 12, p.390.











"a realidade consiste a cada vez no particular jogo-conjunto de ações e reações conduzido no interior de complexas formações de centros de força". KSA 13, p. 37.





Nosso objetivo aqui não é o de discutir o acerto ou erro do autor quanto a vontade de poder como princípio condutor da ação humana, concordamos em parte com a colocação do autor, contudo, a esta colocação temos de destacar que não deixa de ser uma proposta de generalização, que embora não se trate da "coisa" metafísica, seu sabor lhe muito similar.



Outros autores ou herdeiros da crítica de nietzsche também compactuam desta linha de atuação, como Foucault e todas as gerações de filósofos de Frankfurt(2). Mais uma vez, o poder com Foucault, a dominação cultural da racionalidade instrumental de Adorno e Horkheimer, com Habermas a contraposição da ação comunicativa à mesma problemática e finalmente com A. Honneth e G.H. Mead a readaptação do princípio do reconhecimento hegeliano e ou do reconhecimento intersubjetivo.






Todos, sem distinção buscam um elemento de significação, assim como um bando de caçadores a expreita, para pegar ainda no ar, o "gato que pula". Convenhamos, não faço aqui uma crítica à crítica, ou uma crítica a busca de compreesão do "bicho-homem", esta é se não necessária a nossa eterna confusão, é outrora uma das coisas mais interessantes que existem. Mas, há de concordar em todo o discurso contra toda a "meta" ainda fica ali bem presente, e facilmente reconhecível, um bom cheiro de metafísica no ar.


(1) Ver gravura em postagem anterior.

(2) Por Frankfurt, entendemos o Instituto de Pesquisas Sociais localizado nesta cidade fundado por Max Horkheimer e Theodor Adorno.