Liquefeito.

Transitório, em fluxo, mutagênico, constantemente incostante, que mais pode caber aqui, na mais irreal das realidades, o homem.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

O espirito alemão em fuga.

É frente este paradigma que me coloco de pé a afirmar sempre: duvido! Posso até estar errado, mas errar por discordar do consenso geral, este consenso comum à época que cerca os espíritos insatisfeitos, é sempre melhor do que errar pelo geral, pelo comum. Para Nietzsche estado e cultura são pólos antagônicos e até adversários: um vive às expensas do outro.
Com todo o respeito ao filosofo alemão acredito ser ainda mais profunda a questão, não somente se opõem estado e cultura como cultura e individuo, e ao mesmo tempo eles se mesclam estado, cultura, e indivíduo, por mais confuso que possa parecer.
Todos os manuais da moderna antropologia social e cultural se apóiam na máxima, onde não existe indivíduo fora do âmbito cultural. Linguagem, pensamento, moral, e toda a sorte de valores e representações pertencem por excelência a esfera ditatorial da cultura. (Sartre talvez se inquietasse com estas afirmações, se a existência precede a idéia, onde se encaixa a cultura? Na história, provavelmente dissesse.) Então, -retomando- desta forma, seriamos eternos escravos de uma cultura local, nacional, ou mesmo ocidental, mas então o que é esta insatisfação que aflige e afligiu a tantos, o que é essa repulsa que ainda nadando contra o mais forte e generalizador dos rios, insiste em afirmar NÃO SOU!..., não sou de maneira alguma esta moral comum, e não quero ser de forma alguma o consenso, é como demostrou o velho mestre de filologia, a discórdia com o consenso traz em si sofrimento, exclusão e mesmo incompreensão, contudo, afirmo: é aqui na fuga do padrão, na fuga da cultura (mesmo que seja impossível por completo), que reencontro o mais antigo norteador dos sonhos humanos, a tão sonhada liberdade.
Contudo, estudar a cultura é definitivamente algo magnífico, mas onde reside a fagulha do incauto, de onde vem o brilhantismo humano que tano nos seduz, será que este também jaz nos profundos abismos das incompreenções e do medo? Em todas as épocas e eras de nossa tão afamada hitória, nossos excepcionais, estes rebentos libertos, tiveram a sua frente todos os homens de seu tempo a empurrar-lhe escada abaixo e a barrar-lhe o caminho; Tesla, Freud, Nietzsche, e mais todos esses esquisitos extraordinários. Se para ser integrado ao grupo temos de ser tudo de comum, manda a lógica que para sermos extraordinários, temos de ser tudo de incomum.Os estigmas sociais, as fantasias de papeis que assumimos, limitam nosso pensamento numa escala cultural e até mesmo inconsciente, dado a penetração desses estigmas sociais as nossas atitudes, vejamos um intelectual, este quando não taciturno, excentrico e meio louco é quase sempre desmerecido como um grande pensador
Cai o Sol

Não dura muito a tua sede,
coração abrasado!
Há promessas no ar,
de bocas desconhecidas vem-me o sopro,
está chegando o grande frescor...

Meu sol foi quente sobre mim ao meio dia:
sede benvindos, que chegais,
ó ventos repentinos,
frescos espíritos de após o meio dia! ( ... )


F. N.

Um comentário:

Diogo disse...

Puta que pariu!
Meu irmão, gozei chorando.
Caralha, não há palavrões que bastem!... Vou ler outra vez, mas desta ouvindo Wagner.

Bebamos, meu camara. Bebamos e brindemos a nossa sociedade e a nossa quimera casual que nos permite viver e... vez ou outra.. gozar!