Liquefeito.

Transitório, em fluxo, mutagênico, constantemente incostante, que mais pode caber aqui, na mais irreal das realidades, o homem.

domingo, 15 de junho de 2008

Vontade de aprisionamento - Numa nostalgia sem resposta.

Ainda ontem ouvi tal discurso, é o mais comum de todos, e qualquer pessoa já deve de ter ouvido mais de uma vez o saudosismo dos valores perdidos. As premissas são diversas, "como eram mais respeitosos os filhos antigamente", "como as pessoas eram mais educadas"... e que hoje, já se foram todos os valores, degradados e perdidos nos tempos modernos.
Não tive outra alternativa à responder, que embora uma questão como esta temha sempre uma infinidade de variáveis correlatas e que coadunam-se para o resultado vislumbrado. Contudo, um elemento se destaca na equação social, nossa tão veemente consagrada e protegida liberdade. Habermas nos mostra que as sociedades modernas seriam fortemente marcadas pelo enfraquecimento das formas de autoridade tradicionais, religião, e outras esferas que limitavam os indivíduos sociais a um modus, sendo substituidas por uma crescente pluralização das formas culturais, permitindo assim a liberação de potenciais comunicativos antes bloqueados pelos tradicionais coerçores.
A meu ver, esta anomia social ( perda de validade das normas sociais) junto de um individualismo reificado, são a tela e os pincéis da sociabilidade moderna, cuja tinta, o etnocentrismo, ou melhor o americanismo moderno tenta espalhar a todo custo pelo globo, sob a falsa máscara (e ai não poderia deixar de ser falsa) da moralidade, democracia e até mesmo um suposto respeito presente nas modernas sociedades ocidentais e civilizada, ou seja, colonização sistêmica.

Dai-nos liberdade, seja ela qual for, que inconscientemente anseamos por vontade de clausura, agonizante por saudade daqueles tempos em que tudo parecia mais simples.

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