Liquefeito.

Transitório, em fluxo, mutagênico, constantemente incostante, que mais pode caber aqui, na mais irreal das realidades, o homem.

sábado, 21 de março de 2009

COSMOS, ORDUM, ORGANUM.




É uma caracteristica comum aqueles que se dedicam as ciências sociais ignorar o antigo hábito grego de buscar um sustentáculo único, uma arké, explicativa para o homem e seu comportamento. Ao menos em alguns centros nervosos do conhecimento como a história, ou a sociologia, o cenário onde varios fatores coadunam-se para formar, ou ilustrar uma solução, é geralmente muito mais valido e atrativo ao unissono de uma resposta simplista como "a culpa é do capitalismo selvagem", ou deste, ou daquele agente nocivo.





O que proponho não é uma repetição deste excesso de simplicidade, mas uma ilustração de que tal criatura complexa como o homem se não pode ser compreendida num vislumbre de totalidade, mas, pode ao menos ser ai ser SEPARADO, E CLASSIFICADO.



O ponto é exatamente este e todos hão de concordar comigo. Esta ai nestas duas últimas palavras grifadas algumas das habilidades mais comuns e únicas da espécie humana. Platão e Aristóteles e muitos outros pensadores classicos já tinham a séculos observado esta necessidade ORDEIRA da espécie humana. Só para não fugir ao universo de exemplos centrados aqui no mundo grego tomemos a ótica do cosmos. Céu e terra, água e fogo, vida e morte. Quetões básicas e fundamentais, zelando para que assim fosse e permanecesse, existiam os deuses, para regular e administrar a ORDEM das coisas no universo.





Temos portanto um grande leque de coisas ou significações comuns, ORDEM, COSMOS, CLASSIFICAÇÕES, ... a lista é sem fim da necessidade humana de dar sentido a algo por-lhe significado e ordenar-lhe um nicho para si, a própria linguagem é um exemplo de tal arbitráriedade comum ao homem.



Sei que não convém aqui neste momento discutir qualquer aspecto da problemática da natureza humana, no entanto se existe algo de definitivamente natural ou comum a espécie homo sapiens sapiens esta é definitivamente a necessidade de organizar, ou ordenar o universo a sua volta. Note que uso a palavra necessidade e não habilidade, isto porque a palavra habilidade pode dar a entender que existe alguma possibilidade de escolha quando na verdade não deve haver; em uma necessidade não há escolha, se faz porque necessário é, é inerente a sua condição biológica. Sendo assim formulamos a afirmação lógica de que ordenar o mundo é uma caracteristica básica da espécie homo sapiens sapiens, e completamente indissociável de sua psique.




Sendo assim vejamos e mudemos um pouco o tom, uma nota abaixo, organizar, classificar, medir: CONTROLAR.










É o efeito lógico da causalidade que acabamos de admitir existir na espécie sapiens sapiens, se classifico algo, o organizo e meço-o não quero somente compreende-lo, entende-lo em sua totalidade e partes, quero através deste mesmo processo desvendá-lo, desmistifica-lo, CONTROLA-LO.





Vontade, desejo e cobiça por controle é algo inerente a propria espécie, vislumbramos ai algumas falsificações ou disfarçes socio-morais desta verdade: status-quo, religião, talvez ai até a sexualidade (causa primeira para os freudianos) esteja ai submetida, subjugada a esta pulsão de controle ou compulsão de poder. A vontade de controlar é mais evidente ainda nos limites entre moral e ética, onde o comum desejo moral (pessoal-individual) de justiça geralmente tenta subjugar a ética(comum-coletivo) isto é certo e ponto,"esse ai devia de pegar pena de morte...eu matava" , como num surto megalomaníaco do sou deus.





Não se trata portanto de simplificar tudo a um elemento comum, mas de encontrar o movimento ou a fagulha que leva ao movimento propriamente dito. Se por necessidade de controle, se por desejo de ser deus, ou por vontade de potência, não me ponho a questionar a intenção, a tomo como natural e indissociável.



sim inventores, sim construtores,...






mas, controladores ávidos por mais controle.

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