Liquefeito.

Transitório, em fluxo, mutagênico, constantemente incostante, que mais pode caber aqui, na mais irreal das realidades, o homem.

domingo, 15 de agosto de 2010

Escola: Como (NÃO) transformá-la? A falácia dos discursos.

Não é incomum cruzarmos de tempo em tempo com alguns discursos, que promovam ou afirmem a necessidade de se empregar uma transformação no ambiente escolar, tais discursos, são tão comuns como seus erros. Há pouco tempo, no jornal Correio do Povo (SC) um artigo intitulado “escola: em constante transformação”, nos apresentava um destes discursos, que, dentre outras coisas tinha por objetivo: uma compreensão crítica da realidade contemporânea, que preparasse o jovem para o mercado de trabalho e que promovesse a emancipação e autonomia destes estudantes, tendo a escola como agente emancipador.
Cabe após esta constatação a pergunta: Como promover uma educação de qualidade, que promova o livre pensar, a emancipação, a autonomia, quando somos constantemente impedidos, tolidos e coagidos por nossos próprios educadores, a não pensar livre e criticamente? Como desenvolver o pensamento crítico em indivíduos onde o comportamento ideal figura-se pelo passivo, pelo não questionamento?
Nossos educadores, desejosos de transformação, operam não raramente em um caminho inteiramente contrário a qualquer transformação positiva da educação. Em algumas colocações – como no artigo citado - vemos de forma bem clara o intuito de contribuir para a produção “tipos ideais” de alunos, uma forma de pensamento, onde, modelos de conduta, são instaurados “dentro de valores historicamente desejáveis”. Tal empreitada não pode de forma alguma ser coerente com o desejo, ou discurso, de transformação e emancipação de nossos estudantes em pensadores críticos.
Como dar autonomia e possibilitar um pensamento próprio se o objeto de nosso interesse ao educar é o de construir indivíduos modelos? Como o nivelamento pode promover alguma forma de autonomia e pensar crítico?
Autonomia e idealização de indivíduos são neste caso, auto-excludentes.
Longe de qualquer pensamento crítico estaríamos produzindo bons memorizadores, com discursos enlatados, e sem qualquer espécie de pensamento próprio.
O que repreendo aqui não são nossos valores; valores estes, que na multiplicidade de perspectivas, só com muitos cuidados poderíamos falar em coesão. Critico aqui a falácia, o discurso vazio, e a intenção empobrecedora e contraditória de se tentar transformar algo em crítico e autônomo, elogiando ao mesmo tempo a criação de indivíduos desejáveis, de indivíduos mecânicos, ideais, sem inovação.


A pergunta que deveríamos fazer neste caso é, o desejamos da nossa educação? O auxílio para a produção quase artesanal de mentes autônomas e realmente críticas, ou a produção em série e industrial de ignorantes “desejáveis”? Em qual escola você gostaria de ver seu filho ser formado?

Abaixo existe um apontamento, de forma alguma uma "solução", todavia como dissemos, um apontamento:


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