Liquefeito.

Transitório, em fluxo, mutagênico, constantemente incostante, que mais pode caber aqui, na mais irreal das realidades, o homem.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Uma (SEM) Razão de Viver.

Uma borboleta paira ao vento, lutando contra algumas rajadas que a desviam de um voo cuja rota não conseguimos intuir, luta inutilmente, não percebe este "animal não racional" que suas pequenas asas nunca poderão vencer os fortes ventos, não é capaz de notar a tempestade que se forma. "Criatura ingênua",- pensamos-, nenhum ser racional poria-se a vôo com um tempo desses.
Com toda a certeza morrerá!

Sim;

Morrerá;

Contudo, sem que em ao menos por um segundo, tenha tido pena de si mesma, sem ressentimentos.

Não se trata de uma força diferente que compõe as Opsiphanes bassus, trata-se apenas de - falta de razão - argumentariam "racionalmente" alguns racionalistas amantes das qualidades humanas.


A sobrevalorização da razão como qualidade humana, torna a perspectiva humana soberba frente a qualquer forma de vida quando na na verdade configura-se muito mais como um problema:

"eu tenho consciência, de que existo, de que "sou inteligente", de que sou aquilo que é mais importante, de que vou morrer".

"Talvez fosse preferível, não saber, não ter consciência, nem ser tão importante, pois me vejo impotente, vou morrer..."

"que bicho estranho esse homem, olhe só, se contorce sozinho, olhe, sofre com ele mesmo"

Este outro animal-homem diferente da borboleta utiliza-se de algo chamado razão, isto não o faz melhor, superior, ou mesmo mais evoluído, sua única diferença da pequena borboleta fora a da percepção da própria morte, e do seu sofrimento por esta inevitável condição, se encontra na capacidade de sonhar, sonhar com algo "ideal".


Desse sonho estes animais estranhos, sofredores e constantemente atormentados com sua consciência, idealizam e imaginam um mundo perfeito, até o momento em que finalmente se libertarão daquilo que lhes parece uma carga, um peso, um transtorno, a saber:

aquele medo da morte;

aquele medo da consciência da morte;

aquele pavor de deixar de existir;

aquela vontade de ser divino;

aquela vontade de ser outra coisa;

uma coisa que não morre;






Aquilo que outrora lhes fez humanos;

que outrora lhes fez ir adiante;

Que o medo lhes fez odiar;

Me faz desejar deixar de ser homem, QUERO SER DEUS!


Criatura, profundamente esquizofrênica e megalomaníaca este homem.


No fundo no fundo essas ciaturas estranhas parecem mesmo é odiar a vida.

Um comentário:

Diogo disse...

nietzsche diz que, no fundo, no fundo, todo homem sabe do absurdo que é a sua existência. tendo a concordar com ele quando vejo tantos 'crentes' temerem a morte. ora, por que teme-la; por que negá-la, se o paraíso o aguarda? talvez, mas só talvez, seja de outra ordem o desespero... negar a morte é negar a vida.